O principal objetivo deste Blogue é dar a conhecer as diversas áreas de intervenção de um Terapeuta da Fala e qual o seu trabalho nas mesmas.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A Terapia da Fala e o Cancro


Nos tempos que correm, uma grande preocupação que se observa em toda a sociedade é relativamente ao cancro. Sendo assim, achei importante abordar a intervenção do Terapeuta da Fala no cancro.
 
O Terapeuta da Fala na oncologia (estudo do cancro) é considerado o profissional habilitado para a avaliação e reabilitação das perturbações da fala, audição, voz, deglutição (engolir) e motricidade orofacial, sendo estas advindas do tratamento do cancro. 


Este profissional intervém essencialmente nos casos de cancros de cabeça e pescoço, pois podem envolver os órgãos denominados por fonoarticulatórios (lábios, palato, língua, bochechas, mandíbula, maxilar, álveolos, dentes, cordas vocais).
Para indivíduos com estes tipos de cancro, o acompanhamento da Terapia da Fala dá-se desde o momento pré-operatório (antes da cirurgia), onde o indivíduo é informado sobre as possíveis sequelas da cirurgia indicada e sobre a reabilitação nesta valência. O Terapeuta da Fala intervém ainda no pós-operatório (depois da cirurgia), como antes referido, para a reabilitação da fala, voz, audição, deglutição e motricidade orofacial.

Então, especificamente, quais os casos em que um Terapeuta da Fala pode intervir?
·          
  • Nos casos de cirurgias que envolvam os lábios e as bochechas, pois haverá impacto na fala e na contenção de alimentos na cavidade oral durante a alimentação;
  • Em cirurgias que abranjam a língua, visto que pode afetar tanto a fala como a deglutição; 
  • Em cirurgias cujo o palato (“Céu da boca”) é afetado poderão surgir alterações vocais e também da deglutição;
  • Em cirurgias da faringe, poderá ocorrer alterações na deglutição, devido à dificuldade da passagem do alimento;
  • Em cirurgias da laringe (onde se encontram as cordas vocais), poderá ocorrer impacto na voz ou/e na deglutição, dependendo do tipo e da extensão da cirurgia; 
  • No tratamento cirúrgico dos tumores cardiovasculares, neurológicos, de tiroide, tórax, mama e esófago, poderá afetar o funcionamento das cordas vocais e, consequentemente a voz e a deglutição, pois poderá ocorrer lesão da inervação das cordas vocais, comprometendo o seu funcionamento;
  • Os tumores do sistema nervoso central também poderão ter impacto sobre o funcionamento dos órgãos fonoarticulatórios, dependendo da região afetada pelo tumor; 
  •  Os tumores da glândula parótida (responsável por parte da produção de saliva) poderão ocasionar diminuição ou ausência das expressões faciais, uma vez que por esta glândula passa um ramo do nervo facial responsável pela movimentação dos músculos da face.

O mesmo profissional, pode ainda ter um papel importante na reabilitação dos doentes sujeitos a radioterapia e a quimioterapia.

Nos casos de cancro de cabeça e pescoço, a radioterapia poderá causar a diminuição ou mesmo ausência da produção de saliva, prejudicando consideravelmente a deglutição e, às vezes, até mesmo a fala, pois não ocorre a humidificação natural da boca. Poderá ainda ocorrer dor e inchaço das estruturas envolventes na deglutição, havendo necessidade de vias alternativas para alimentação (como sonda, por exemplo) ou modificações na consistência alimentar.        

A quimioterapia poderá potencializar os efeitos indesejados da radioterapia. Os tumores que envolvem as vias auditivas poderão aparecer como sequela do tratamento cirúrgico, radioterapêutico e/ou quimioterapêutico (perdas de audição). Nestes casos, o auxílio do Terapeuta da Fala é fulcral, tanto para a deteção da perda auditiva e para o seu controle, bem como para seleção e adaptação de próteses auditivas, caso necessário.

Ou seja, o acompanhamento do Terapeuta da Fala, em todos estes casos, é garantir que haja restabelecimento funcional, melhorando a qualidade de vida dos portadores de cancro.

Sem comentários:

Enviar um comentário