O principal objetivo deste Blogue é dar a conhecer as diversas áreas de intervenção de um Terapeuta da Fala e qual o seu trabalho nas mesmas.

sexta-feira, 23 de março de 2012

A Terapia da Fala ao Domicílio




Frequentemente deparo-me com pessoas a perguntar qual a necessidade de haver Terapia da Fala ao domicílio, daí achar pertinente falar sobre este tema.

 
A Terapia da Fala ao domicílio tem, como noutro ambiente de intervenção, o objetivo de reabilitar as perturbações relacionadas da comunicação, bem como os problemas relacionados com a mastigação, sucção e deglutição.

O Terapeuta da Fala deverá tratar ou minimizar estas alterações, procurando manter ou melhorar a qualidade de vida do utente e o seu estado de saúde.


 
Neste ambiente, ao domicílio, encontramo-nos num meio familiar, estabelecendo uma relação utente-profissional mais próxima do que a habitual. Tendo em conta que estamos no seu ambiente normal, deparando-nos com as suas verdadeiras dificuldades/barreiras do dia-a-dia e, estando próximo dos cuidadores e da família, torna-se mais fácil dar orientações e, permite-nos ajudar a pôr em prática as estratégias delineadas, para posteriormente atingir o objetivo definido para a terapia indireta, ou seja, na ausência do Terapeuta. Para além disso, os profissionais de saúde são capazes de encaminhar para o correto profissional, caso haja necessidade de uma examinação especializada.
Qualquer utente que pretenda ser acompanhado por Terapia da Fala poderá preferir ter apoio domiciliário, sendo que este meio de atendimento pode justificar-se para todas as faixas etárias e para qualquer que seja o problema ou, até mesmo, para a prevenção de um. 

Porém, é mais utilizado com pacientes acamados, com paralisia cerebral, com sequelas pós acidente vascular cerebral (AVC), com condições físicas que impeçam a deslocação para o atendimento clínico, que já não necessitam de tratamento hospitalar mas que por ventura desejam continuar o tratamento, etc.

 
Para além destes, o Terapeuta da Fala pode prestar cuidados com recém-nascidos, para o fornecimento de orientações relativas à alimentação, mais especificamente, à sucção e à deglutição.


Num estudo realizado no Brasil, por Mourão & Pinto (2000, cit in Borba, S.D.), 50 utentes foram avaliados num hospital, num espaço de 2 meses, destes, 26 necessitaram de apoio doméstico, sendo que 18 por afasia e 8 por disfagia. Noutro estudo, de Leitão & Pinto (2000, cit in Borba, S.D.), foi demonstrado que a Terapia da Fala ao domicílio trazia muitos benefícios, principalmente devido à mudança das características de intervenção, beneficiando a população carente e promovendo maior bem-estar ao utente.

Este profissional deverá trabalhar com casos relativos a diversos serviços, tendo em conta uma equipa multidisciplinar, como com utentes de geriatria, de pediatria, de oncologia, de neurologia, etc.

Portanto, é encarregado pelo(a):
  • Avaliação e reabilitação de disfagias (dificuldades em engolir/engasgos frequentes);
  • Avaliação e reabilitação da comunicação (verbal e/ou não-verbal);
  • Avaliação e reabilitação da linguagem (afasias, atrasos/perturbações da linguagem);
  • Avaliação e reabilitação da articulação verbal (disartria, apraxia, troca/omissão de sons);
  • Avaliação e reabilitação da voz (rouquidão ou afonia);
  • Avaliação e estimulação sensorial motora oral (hipo ou hipertonia dos músculos relacionados com as estruturas fonoarticulatórios, paralisias faciais, alterações nas funções estomatognáticas (sucção, mastigação, deglutição, respiração);
  • Acompanhamento nas alterações da audição/processamento auditivo, bem como no processo de adaptação de próteses auditivas.

Em suma, a Terapia da Fala ao domicílio traz tantos ou mais resultados do que em ambiente clínico/hospitalar, sendo que há uma relação mais próxima com o próprio utente e com os seus cuidadores, podendo inserir o processo terapêutico na dinâmica de vida pessoal e familiar, evitando riscos de ambiente hospitalar e melhorando a qualidade de vida. Tendo sempre o intuito de reabilitar e minimizar os problemas apresentados, para além de diferir o avanço das alterações originadas por doenças progressivas.

Bibliografia:
Borba, J. (S.D). Atuação Fonoaudiológica Hospitalar e em Home Care. In Portal Home Care - http://www.portalhomecare.com.br/.

terça-feira, 20 de março de 2012

A Terapia da Fala em Call Centers

Mais uma vez, publico sobre o trabalho do Terapeuta da Fala num campo ainda não muito divulgado em Portugal, em Call Centers.


Os Call Centers são centrais com o objetivo de canalizar a receção de ligações telefónicas, distribuindo-as ao acaso pelos vários trabalhadores. Estes permitem atendimentos com um fim específico, para realização de investigações/análises estatísticas, entre outros. 

 

Atualmente observa-se grande competitividade entre e nas empresas, exigindo profissionais com melhores habilidades, tendo em conta a habilidade comunicativa, neste caso específico.

Esta capacidade de comunicação irá influenciar em tudo na empresa, pois cada atendimento e forma de resposta do profissional deverá transmitir, não só o tipo de empresa de que se trata, mas também o seu trabalho e forma de atendimento.

Para um bom atendimento, é necessário uma boa qualidade vocal, velocidade de fala moderada (para demonstrar disponibilidade), intensidade moderada (para facilitar a inteligibilidade), articulação verbal precisa, entoação que demonstre credibilidade e simpatia, resistência vocal e pausas breves.

Portanto, o objetivo principal do Terapeuta da Fala em ambiente de Call Center é melhorar a qualidade da comunicação dos Operadores. Sendo que muitas outras vantagens advêm deste aperfeiçoamento, tornando benéfica a integração deste profissional neste tipo de equipas. Ou seja, é possível observar uma diminuição do aparecimento de problemas vocais (rouquidão, sensação de cansaço, perdas de voz, etc.), uma enunciação da mensagem ao cliente de forma clara, reduzindo interferências de comunicação na mensagem e, por consequência, maior satisfação por parte dos clientes perante uma boa comunicação.

Então, o Terapeuta da Fala deverá escolher o perfil vocal adequado consoante as necessidades das empresas, realizar consultoria de forma individualizada a cada operador (para a melhoria de toda a comunicação, seja ela verbal ou não-verbal, englobando aspetos relacionados com a voz, com a fala, com a linguagem e com a audição), bem como realizar um trabalho conjunto, de sensibilização, com toda a equipa para o aperfeiçoamento da comunicação (em ambiente de palestras/formação).

Podemos então reparar que este trabalho do Terapeuta da Fala não é um serviço de reabilitação, mas sim de prevenção. Ou seja, a intenção deste profissional é sempre melhorar a qualidade comunicativa dos trabalhadores de Call Centers, tendo em conta a qualidade de vida destes, bem como a idoneidade dos serviços prestados e a produtividade da empresa.


Toda a comunicação é muito importante na vida do ser humano, tendo em conta que esta é utilizada não só a nível profissional, mas também em contextos pessoais e, que a forma como esta é realizada pode alterar todo o seu sentido, podendo afirmar que:

“A nossa capacidade de comunicação não é medida pela forma como dizemos as coisas, mas pela maneira como somos entendidos.”
Andrew Grove






sexta-feira, 9 de março de 2012

A Terapia da Fala e a Medicina Dentária


Mais uma vez publico um tema relacionado com motricidade orofacial, uma das áreas de intervenção da Terapia da Fala. Desta vez, irei abordar sobre o trabalho conjunto do Terapeuta da Fala e do Médico Dentista.

Atualmente é atribuída uma grande importância a um trabalho multidisciplinar, pois através de uma atuação de diversas valências em simultâneo surgirão resultados finais mais apropriados e desejados. Sendo assim, possível afirmar que o trabalho conjunto da Terapia da Fala e da Medicina Dentária trará resultados vantajosos.

O Terapeuta da Fala é o profissional responsável pela prevenção, avaliação, diagnóstico, tratamento e estudo científico da comunicação humana e perturbações relacionadas, tendo em conta a fala e a linguagem, assim como as alterações relacionadas com as funções auditiva, visual, cognitiva, oromuscular, respiração, deglutição e voz. 

O Médico Dentista é o profissional responsável por estudar, diagnosticar, tratar e prevenir todas as patologias orais e maxilares, bem nas suas estruturas anexas.

E como podem atuar os dois em conjunto?
A estabilidade das estruturas é um dos objetivos principais de ambas as valências. 

O Terapeuta da Fala trabalha com a motricidade orofacial, para o tratamento do tónus muscular oral e facial, bem como o posicionamento dos lábios, das bochechas e da língua, tendo em conta ainda a adequação da respiração, sucção, mastigação, deglutição e fala.

Considerando que a má postura de língua e a inadequação das funções anteriormente referidas são responsáveis por alterações no alinhamento dentário, é fundamental a intervenção do Terapeuta da Fala concomitantemente com a do Dentista, evitando assim recidivas.

As áreas de atuação conjunta mais comuns são:






Ou seja, como em outras patologias, é fundamental que os profissionais de saúde se integrem numa equipa multidisciplinar, pois, “unir-se é um bom começo, manter a união é um progresso e trabalhar em conjunto é a vitória” (Henry Ford). 



segunda-feira, 5 de março de 2012

O Terapeuta da Fala nos Cuidados Paliativos


Os cuidados paliativos são prestados a utentes em situações decorrentes de doenças incuráveis, em fase avançada e com rápida progressão. Visam promover, o máximo possível, o bem-estar e a qualidade de vida destes doentes, até os seus últimos dias.
Podem ser concebidos em regime de internamento ou ao domicílio, num leque variado de doenças, situações e idades. Englobam vários profissionais, existindo a necessidade de colaboração e cooperação de uma equipa multidisciplinar, envolvendo Enfermeiros, Médicos, Terapeutas da Fala, Terapeutas Ocupacionais, Fisioterapeutas, Psicólogos, Assistentes Sociais, entre outros.
E qual é o trabalho do Terapeuta da Fala nesta equipa?
O Terapeuta da Fala, em consenso com toda a equipa multidisciplinar envolvida, orienta e acompanha o utente e todos os seus cuidadores, para desenvolver ou aprimorar certas competências, podendo se deparar, como por exemplo, com doentes com dificuldades de compreensão, de expressão, de audição, de deglutição e de toda a motricidade orofacial.
Então, deverá avaliar a linguagem, a voz, a audição, a motricidade orofacial, a deglutição e toda a sua comunicação em geral.
Quanto à linguagem, podem surgir inúmeras complicações, logo o trabalho do Terapeuta da Fala é reabilitá-la ou reajustá-la, de forma a que haja uma maior integração social. Por vezes, a linguagem oral é dificilmente recuperada, cabendo a este profissional arranjar métodos que auxiliem ou substituam a fala.
Relativamente à deglutição, certos utentes podem apresentar disfagia, sendo esta a dificuldade de executar a deglutição (engolir), podendo causar desidratação, desnutrição e pneumonia por aspiração. O Terapeuta da Fala tem então de reabilitar esta função observando diversos sinais, como: tosse durante as refeições, engasgos frequentes, sialorreia, dor ou dificuldade em engolir, entre outros. Quando intervimos nesta “área”, o nosso principal objetivo é que o utente se alimente por via oral, sem desconforto, orientando o utente e os seus cuidadores para a consistência dos alimentos e para as manobras e posturas corretas, para que este tenha uma deglutição segura.
Já a nível da motricidade orofacial, o trabalho diz respeito ao reajustamento das funções estomatognáticas (respiração, fala, deglutição, mastigação e sucção), ou seja, deverão ser observadas as alterações anatómicas e funcionais dos órgãos fonoarticulatórios. E, na intervenção, deverá favorecer o equilíbrio muscular orofacial, bem como cervical, promovendo a correta postura, movimento e tonicidade dos músculos.
Ou seja, o objetivo do Terapeuta da Fala nestas unidades é comum ao dos outros profissionais envolvidos, melhorar a qualidade de vida e promover o bem-estar dos doentes, respeitando a dignidade destes, que se encontram numa fase final da vida.