O principal objetivo deste Blogue é dar a conhecer as diversas áreas de intervenção de um Terapeuta da Fala e qual o seu trabalho nas mesmas.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

VI Congresso Nacional da APTF



Após participar no VI Congresso Nacional da Associação Portuguesa de Terapeutas da Fala, dou por mim a pensar no quão bela é a nossa profissão, “Terapeuta da Fala”, muitos foram os conhecimentos adquiridos e partilhados, todavia, a reflexão salientou-se.

Terapeuta da Fala, como tento sempre explicar a toda a gente, não é apenas um profissional que ajuda as pessoas com problemas de fala e/ou linguagem, é muito mais do que isso.

O Terapeuta da Fala para além destas áreas de intervenção tem muitas outras, como a voz, a motricidade orofacial, a comunicação, a deglutição, a leitura e a escrita. Certo é que Terapia da Fala não é o nome mais adequado para o nosso trabalho, contudo torna-se muito difícil encontrar um nome que englobe todo o trabalho e todas as áreas de saber deste profissional.

Esta torna-se cada vez mais, na minha opinião, uma profissão prazerosa, misteriosa, desafiante, gratificante, na qual o gosto em ir trabalhar e fazer com que as pessoas tenham novas oportunidades na vida não desaparece. Ajudamos uns a se expressar, outros a descodificar, uns a se alimentar, outros a respirar e, por vezes, apenas em questões estéticas e, é tão gratificante quando observamos os resultados desejados e, mais gratificante ainda, quando a evolução é reconhecida por todos. 

Agora perguntam vocês, mas o que tem essa profissão de tão bonito?

Já imaginaram o sufoco de não conseguir se expressar? De não compreender o que lhe dizem? De não conseguir se alimentar diante quem mais gosta? De apresentar alterações funcionais a nível facial e oral? Nós não só ajudamos a resolver esses problemas como também os prevenimos e, com certeza ajudamos o utente a ser feliz.

É este o meu gosto pela Terapia da Fala (que bem podia ser Terapia da Comunicação, Terapia da Alimentação, Terapia da Audição, Terapia Miofuncional Oral, Terapia da Linguagem Oral e Escrita, Terapia Vocal, etc etc etc), o prazer que dá-me ao exercer a minha profissão pois, mesmo com a necessidade contínua de formação, mesmo com o tempo gasto a preparar consultas, avaliações, relatórios, atividades e todas as outras tarefas que nos “roubam” algum tempo, o que interessa mesmo é que somos capazes de ajudar alguém a expressar o que sente, o que quer, as suas opiniões, a compreender o que lhe foi dito, a ultrapassar problemas académicos, a melhor toda a sua comunicação, a usufruiu de alimentação por via oral sem qualquer prejuízo e em muitos muitos outros aspetos. E quando esses objetivos são alcançados, todo o esforço, toda a dedicação, todo o percurso académico e profissional, tudo ganha valor, tudo vale a pena.

Espero então que, um dia mais tarde, a Terapia da Fala não seja encarada apenas como uma área da saúde ou da educação que ajuda na linguagem e na fala, mas sim como uma arte capaz de corrigir a funcionalidade da zona oral, facial e cervical, bem como adequar toda a comunicação.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A Terapia da Fala e a doença de Parkinson


     

     A doença de Parkinson é uma doença progressiva do movimento, originada por uma disfunção neurológica, ou seja, os neurónios secretores de dopamina degeneram-se, sendo que desta forma, os movimentos conscientes do corpo ficam alterados, não havendo controlo na movimentação muscular. Isto é, é uma doença degenerativa que, por norma, desenvolve-se após os 50 anos.



     As principais alterações motoras que ocorrem com esta enfermidade são: tremor; rigidez muscular; lentidão dos movimentos; instabilidade postural, originando complicações a nível da comunicação e da alimentação, sendo assim possível a intervenção do Terapeuta da Fala, com efeitos muito benéficos. 

     Desta forma, o Terapeuta da Fala poderá interceder de maneira a reabilitar/readaptar aspetos ligados à voz, à articulação verbal, à motricidade orofacial e à deglutição.
  • Voz: devido à rigidez muscular, as cordas vocais não contactam correctamente entre si, nem os músculos envolvidos na fonação (produção de voz) são controlados corretamente, surgindo uma voz rouca, soprosa, monótona e, frequentemente, grave e com intensidade reduzida (baixa).
  • Articulação Verbal: nota-se imprecisão articulatória, pois os movimentos não são controlados, não produzindo os sons da fala de forma adequada.
  • Motricidade Orofacial: como em todo o corpo, a nível oral e facial também observa-se tremor, rigidez e descontrolo da musculatura, surgindo muitas dificuldades nas funções estomatognáticas (fala, mastigação, respiração, deglutição e sucção).
  •  Deglutição: devido à dificuldade de mastigação, ao escape de saliva (anterior ou posterior) e ao descontrolo muscular, são constantes os engasgos, observando tosse, pigarreio e “voz molhada”.
      
      A meu ver, as alterações da comunicação podem ser preocupantes, todavia, deverá ser dada grande atenção aos problemas de deglutição, visto que a descoordenação muscular poderá “desviar” a comida/bebida para os pulmões, provocando uma pneumonia por aspiração, sendo esta preocupante e, até mesmo, causa de morte.

       Posto isto, deverá ter em atenção aos seguintes semblantes na alimentação do portador de Parkinson:
  • Se ocorrem dificuldades na mastigação;
  • Se costuma haver escape de saliva (babar-se);
  • Se há acumulação de alimentos na boca após a alimentação;
  • Se é costume pigarrear, tossir e engasgar-se durante a ingestão de alimentos/bebidas.
      Infelizmente, observa-se que estes casos apenas começam a ter acompanhamento da Terapia da Fala em fases tardias, já com grandes comprometimentos no que diz respeito à comunicação e à alimentação. Dado isto, aproveito para salientar a importância da intervenção o mais precocemente possível, podendo prevenir muitas das dificuldades esperadas.

     Em suma, o Terapeuta da Fala deverá realizar uma avaliação (adequada a cada utente) e intervir de forma a melhorar a motricidade orofacial e cervical, a coordenação das estruturas envolvidas na articulação, fonação, respiração e deglutição, bem como orientar todos os familiares e cuidadores.