O principal objetivo deste Blogue é dar a conhecer as diversas áreas de intervenção de um Terapeuta da Fala e qual o seu trabalho nas mesmas.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

A Terapia da Fala e a Estética



Como surgiu a Estética na Terapia da Fala?
Como anteriormente referi no blog, o Terapeuta da Fala intervém com a comunicação humana, ao nível da fala e linguagem (oral e escrita) assim como nas alterações relacionadas com as funções auditiva, visual, cognitiva, oro-muscular, respiração, deglutição e voz.
A Estética surgiu como área de intervenção na Terapia da Fala devido aos resultados obtidos na intervenção na motricidade orofacial, onde foram observados resultados relativos à melhoria da simetria, morfologia, fisiologia, tónus muscular e consequentemente da pele, pois liga-se aos músculos faciais, originando assim a Mioterapia Estética da Face.

Os objetivos da Mioterapia Estética são?
  • Harmonizar o estético e o funcional;
  • Adequar a postura, a respiração, a mastigação, a deglutição e a fala;
  • Equilibrar as forças musculares da face e pescoço;
  • Minimizar ou eliminar as mímicas faciais exacerbadas ou inadequadas; 
  • Proporcionar a aquisição de hábitos saudáveis orofaciais e cervicais.
Como consequência desta intervenção:

É promovido o fortalecimento das estruturas musculares da face e elimina/atenua rugas e marcas de expressão.


A quem se destina?
  • A indivíduos que evitam procedimentos invasivos por dor, alergia ou problemas de coagulação;
  • Pré e pós cirurgia bariática (redução do estômago);
  • Pré e pós cirurgia de face;
  • Atletas;
  • Indivíduos que procuram qualidade de vida e mudança de hábitos.
Contraindicações:
  • Peles com acne;
  • Indivíduos sujeitos a tratamento com isotretinoína;
  • Durante os primeiros 6 meses após cirurgia da face;
  • Indivíduos sujeitos a Bioplastias;
  • No local onde há o efeito da toxina botulínica.
 
"Atuar em Terapia Estética da face é compreender o belo no seu mais amplo significado e assim acreditar, transformar, adequar e proporcionar a aceitação do ser e estar,  do equilíbrio da beleza interna e externa, da alegria de viver... se descobrir... e se amar intensamente."

Patrícia Faro



 


quinta-feira, 7 de abril de 2011

A Terapia da Fala e o Cancro


Nos tempos que correm, uma grande preocupação que se observa em toda a sociedade é relativamente ao cancro. Sendo assim, achei importante abordar a intervenção do Terapeuta da Fala no cancro.
 
O Terapeuta da Fala na oncologia (estudo do cancro) é considerado o profissional habilitado para a avaliação e reabilitação das perturbações da fala, audição, voz, deglutição (engolir) e motricidade orofacial, sendo estas advindas do tratamento do cancro. 


Este profissional intervém essencialmente nos casos de cancros de cabeça e pescoço, pois podem envolver os órgãos denominados por fonoarticulatórios (lábios, palato, língua, bochechas, mandíbula, maxilar, álveolos, dentes, cordas vocais).
Para indivíduos com estes tipos de cancro, o acompanhamento da Terapia da Fala dá-se desde o momento pré-operatório (antes da cirurgia), onde o indivíduo é informado sobre as possíveis sequelas da cirurgia indicada e sobre a reabilitação nesta valência. O Terapeuta da Fala intervém ainda no pós-operatório (depois da cirurgia), como antes referido, para a reabilitação da fala, voz, audição, deglutição e motricidade orofacial.

Então, especificamente, quais os casos em que um Terapeuta da Fala pode intervir?
·          
  • Nos casos de cirurgias que envolvam os lábios e as bochechas, pois haverá impacto na fala e na contenção de alimentos na cavidade oral durante a alimentação;
  • Em cirurgias que abranjam a língua, visto que pode afetar tanto a fala como a deglutição; 
  • Em cirurgias cujo o palato (“Céu da boca”) é afetado poderão surgir alterações vocais e também da deglutição;
  • Em cirurgias da faringe, poderá ocorrer alterações na deglutição, devido à dificuldade da passagem do alimento;
  • Em cirurgias da laringe (onde se encontram as cordas vocais), poderá ocorrer impacto na voz ou/e na deglutição, dependendo do tipo e da extensão da cirurgia; 
  • No tratamento cirúrgico dos tumores cardiovasculares, neurológicos, de tiroide, tórax, mama e esófago, poderá afetar o funcionamento das cordas vocais e, consequentemente a voz e a deglutição, pois poderá ocorrer lesão da inervação das cordas vocais, comprometendo o seu funcionamento;
  • Os tumores do sistema nervoso central também poderão ter impacto sobre o funcionamento dos órgãos fonoarticulatórios, dependendo da região afetada pelo tumor; 
  •  Os tumores da glândula parótida (responsável por parte da produção de saliva) poderão ocasionar diminuição ou ausência das expressões faciais, uma vez que por esta glândula passa um ramo do nervo facial responsável pela movimentação dos músculos da face.

O mesmo profissional, pode ainda ter um papel importante na reabilitação dos doentes sujeitos a radioterapia e a quimioterapia.

Nos casos de cancro de cabeça e pescoço, a radioterapia poderá causar a diminuição ou mesmo ausência da produção de saliva, prejudicando consideravelmente a deglutição e, às vezes, até mesmo a fala, pois não ocorre a humidificação natural da boca. Poderá ainda ocorrer dor e inchaço das estruturas envolventes na deglutição, havendo necessidade de vias alternativas para alimentação (como sonda, por exemplo) ou modificações na consistência alimentar.        

A quimioterapia poderá potencializar os efeitos indesejados da radioterapia. Os tumores que envolvem as vias auditivas poderão aparecer como sequela do tratamento cirúrgico, radioterapêutico e/ou quimioterapêutico (perdas de audição). Nestes casos, o auxílio do Terapeuta da Fala é fulcral, tanto para a deteção da perda auditiva e para o seu controle, bem como para seleção e adaptação de próteses auditivas, caso necessário.

Ou seja, o acompanhamento do Terapeuta da Fala, em todos estes casos, é garantir que haja restabelecimento funcional, melhorando a qualidade de vida dos portadores de cancro.

sábado, 2 de abril de 2011

Autismo

Dia Mundial da Consciencialização do Autismo


O Autismo é uma perturbação do desenvolvimento que se expressa logo nos primeiros anos de vida e, ao longo de toda a vida. Os portadores de Autismo apresentam dificuldades na comunicação (verbal e não verbal), na socialização e na capacidade imaginativa, manifestando ainda interesses reduzidos, comportamentos repetitivos, estereotipias motoras e reatividade sensorial invulgar.

As causas do Autismo são ainda desconhecidas, porém acredita-se que a origem deste tipo de perturbações esteja em anomalias, em alguma parte do cérebro, ainda não definida de forma conclusiva e, provavelmente, de origem genética. Além disso, admite-se que possa ser causado por problemas associados a factos ocorridos durante a gestação ou no momento do parto.

Quanto à prevalência sabe-se que tem aumentado, sendo que a nível internacional é considerado que em cada 10.000 5 indivíduos apresentem autismo “clássico” e que para cada 1.000, 1 a 2 apresentem diagnósticos alargados (qualquer Perturbação do Espetro do Autismo (PEA)). É confirmado que incide maioritariamente no sexo masculino do que no feminino (4 para 1), porém existe distribuição relativamente igual pelas diferentes classes sociais e em diferentes culturas.

Ainda não existe cura para as PEA, mas afirma-se que com intervenção e educação precoces e adequadas, suporte às famílias e aos profissionais e criação de serviços de alta qualidade na comunidade, melhoram significativamente a vida das pessoas com PEA e das suas famílias.

Relativamente ao diagnóstico, é vulgarmente realizado por volta dos 3 primeiros anos de vida, no autismo “clássico” ou quando ocorrem atrasos de desenvolvimento. Caso não haja atraso significativo da linguagem (como por exemplo na P. de Asperger), o diagnóstico pode ocorrer por volta dos 7 anos de idade.

São recomendadas avaliações às crianças perante os sinais de alerta, que são: Não palrar; Não apontar nem usar gestos por volta dos 12 meses; Ausência de palavras simples pelos 18 meses; Ausência de frases espontâneas de 2 palavras pelos 24 meses; perda de linguagem ou de competências sociais (em qualquer idade).

A intervenção da Terapia da Fala com as pessoas portadoras de PEA tem como objetivo principal, melhorar a comunicação da criança com o seu meio, devido à grande importância que a comunicação representa para o desenvolvimento, pelo que será necessário ajudas cada um dos protagonistas nestas trocas, ou seja, a intervenção do Terapeuta da Fala não diz respeito apenas ao portador, mas sim a todas as pessoas que o envolvem (família, amigos, educadores, etc.).