Frequentemente deparo-me com pessoas a perguntar
qual a necessidade de haver Terapia da Fala ao domicílio, daí achar pertinente
falar sobre este tema.
A Terapia da Fala ao domicílio tem, como noutro
ambiente de intervenção, o objetivo de reabilitar as perturbações relacionadas da
comunicação, bem como os problemas relacionados com a mastigação, sucção e
deglutição.
O Terapeuta da Fala deverá tratar ou minimizar estas
alterações, procurando manter ou melhorar a qualidade de vida do utente e o seu
estado de saúde.
Neste ambiente, ao domicílio, encontramo-nos num
meio familiar, estabelecendo uma relação utente-profissional mais próxima do
que a habitual. Tendo em conta que estamos no seu ambiente normal, deparando-nos
com as suas verdadeiras dificuldades/barreiras do dia-a-dia e, estando próximo
dos cuidadores e da família, torna-se mais fácil dar orientações e, permite-nos
ajudar a pôr em prática as estratégias delineadas, para posteriormente atingir
o objetivo definido para a terapia indireta, ou seja, na ausência do Terapeuta.
Para além disso, os profissionais de saúde são capazes de encaminhar para o
correto profissional, caso haja necessidade de uma examinação especializada.
Qualquer utente que pretenda ser acompanhado por
Terapia da Fala poderá preferir ter apoio domiciliário, sendo que este meio de
atendimento pode justificar-se para todas as faixas etárias e para qualquer que
seja o problema ou, até mesmo, para a prevenção de um.
Porém, é mais utilizado com pacientes acamados, com
paralisia cerebral, com sequelas pós acidente vascular cerebral (AVC), com
condições físicas que impeçam a deslocação para o atendimento clínico, que já
não necessitam de tratamento hospitalar mas que por ventura desejam continuar o
tratamento, etc.
Para além destes, o Terapeuta da Fala pode prestar
cuidados com recém-nascidos, para o fornecimento de orientações relativas à
alimentação, mais especificamente, à sucção e à deglutição.
Num estudo realizado no Brasil, por Mourão &
Pinto (2000, cit in Borba, S.D.), 50
utentes foram avaliados num hospital, num espaço de 2 meses, destes, 26
necessitaram de apoio doméstico, sendo que 18 por afasia e 8 por disfagia.
Noutro estudo, de Leitão & Pinto (2000, cit
in Borba, S.D.), foi demonstrado que a Terapia da Fala ao domicílio trazia
muitos benefícios, principalmente devido à mudança das características de
intervenção, beneficiando a população carente e promovendo maior bem-estar ao
utente.
Este profissional deverá trabalhar com casos relativos
a diversos serviços, tendo em conta uma equipa multidisciplinar, como com utentes
de geriatria, de pediatria, de oncologia, de neurologia, etc.
- Avaliação e reabilitação de disfagias (dificuldades em engolir/engasgos frequentes);
- Avaliação e reabilitação da comunicação (verbal e/ou não-verbal);
- Avaliação e reabilitação da linguagem (afasias, atrasos/perturbações da linguagem);
- Avaliação e reabilitação da articulação verbal (disartria, apraxia, troca/omissão de sons);
- Avaliação e reabilitação da voz (rouquidão ou afonia);
- Avaliação e estimulação sensorial motora oral (hipo ou hipertonia dos músculos relacionados com as estruturas fonoarticulatórios, paralisias faciais, alterações nas funções estomatognáticas (sucção, mastigação, deglutição, respiração);
- Acompanhamento nas alterações da audição/processamento auditivo, bem como no processo de adaptação de próteses auditivas.
Em suma, a Terapia da Fala ao domicílio traz tantos
ou mais resultados do que em ambiente clínico/hospitalar, sendo que há uma
relação mais próxima com o próprio utente e com os seus cuidadores, podendo
inserir o processo terapêutico na dinâmica de vida pessoal e familiar, evitando
riscos de ambiente hospitalar e melhorando a qualidade de vida. Tendo sempre o
intuito de reabilitar e minimizar os problemas apresentados, para além de diferir
o avanço das alterações originadas por doenças progressivas.
Bibliografia:
Borba, J. (S.D). Atuação Fonoaudiológica Hospitalar
e em Home Care. In Portal Home Care - http://www.portalhomecare.com.br/.
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