A doença de Parkinson é uma doença progressiva do
movimento, originada por uma disfunção neurológica, ou seja, os neurónios
secretores de dopamina degeneram-se, sendo que desta forma, os movimentos
conscientes do corpo ficam alterados, não havendo controlo na movimentação
muscular. Isto é, é uma doença degenerativa que, por norma, desenvolve-se após
os 50 anos.
As principais alterações motoras que ocorrem com
esta enfermidade são: tremor; rigidez muscular; lentidão dos movimentos;
instabilidade postural, originando complicações a nível da comunicação e da
alimentação, sendo assim possível a intervenção do Terapeuta da Fala, com
efeitos muito benéficos.
- Voz: devido à rigidez muscular, as cordas vocais não contactam correctamente entre si, nem os músculos envolvidos na fonação (produção de voz) são controlados corretamente, surgindo uma voz rouca, soprosa, monótona e, frequentemente, grave e com intensidade reduzida (baixa).
- Articulação Verbal: nota-se imprecisão articulatória, pois os movimentos não são controlados, não produzindo os sons da fala de forma adequada.
- Motricidade Orofacial: como em todo o corpo, a nível oral e facial também observa-se tremor, rigidez e descontrolo da musculatura, surgindo muitas dificuldades nas funções estomatognáticas (fala, mastigação, respiração, deglutição e sucção).
- Deglutição: devido à dificuldade de mastigação, ao escape de saliva (anterior ou posterior) e ao descontrolo muscular, são constantes os engasgos, observando tosse, pigarreio e “voz molhada”.
A meu ver, as alterações da comunicação podem ser preocupantes, todavia, deverá ser dada grande atenção aos problemas de deglutição, visto que a descoordenação muscular poderá “desviar” a comida/bebida para os pulmões, provocando uma pneumonia por aspiração, sendo esta preocupante e, até mesmo, causa de morte.
Posto isto, deverá ter em atenção aos seguintes semblantes
na alimentação do portador de Parkinson:
- Se ocorrem dificuldades na mastigação;
- Se costuma haver escape de saliva (babar-se);
- Se há acumulação de alimentos na boca após a alimentação;
- Se é costume pigarrear, tossir e engasgar-se durante a ingestão de alimentos/bebidas.
Infelizmente, observa-se que estes casos apenas
começam a ter acompanhamento da Terapia da Fala em fases tardias, já com
grandes comprometimentos no que diz respeito à comunicação e à alimentação.
Dado isto, aproveito para salientar a importância da intervenção o mais precocemente
possível, podendo prevenir muitas das dificuldades esperadas.
Em suma, o Terapeuta da Fala deverá realizar uma
avaliação (adequada a cada utente) e intervir de forma a melhorar a motricidade
orofacial e cervical, a coordenação das estruturas envolvidas na articulação,
fonação, respiração e deglutição, bem como orientar todos os familiares e
cuidadores.