Uma das áreas de intervenção do Terapeuta da Fala, como já referi em publicações anteriores, é a motricidade orofacial, sendo que esta tem como principal objetivo propiciar a harmonia das funções estomatognáticas (respiração, fala, mastigação, deglutição e sucção), promovendo um equilíbrio miofuncional. Logo, o Terapeuta da Fala tem um papel fulcral na reabilitação de uma pessoa que respire pela boca (respirador oral).
A respiração, para além de ser uma função vital, proporciona o desenvolvimento craniofacial. Posto isto, o modo de respiração considerado mais adequado é o nasal, pois o nariz tem a capacidade de filtrar, aquecer e humidificar o ar, todavia, nem sempre este modo é possível, surgindo alguns “bloqueios” nestas vias, como por exemplo, a hipertrofia das adenoides e das amígdalas, sinusite, rinite, entre outras.
Nestas situações o indivíduo irá respirar pela boca, havendo a necessidade de intervenção de uma equipa multidisciplinar, envolvendo o Otorrinolaringologista, o Terapeuta da Fala, o Fisioterapeuta, o Alergologista e, caso necessários, outros especialistas.
Como reparar se é ou não respirador oral?
De seguida estão descritas algumas das características mais comuns. Caso algumas destas sejam observadas frequentemente deverá ser observado por um profissional, como os a cima mencionados.
- · Alterações na fala;
- · Alterações na mastigação;
- · Otites frequentes;
- · Olheiras;
- · Alterações do sono;
- · Alterações da postura corporal;
- · Alterações do rendimento escolar / profissional;
- · Alterações do gosto e do cheiro (paladar e olfato);
- · Face alongada;
- · Alterações da oclusão dentária;
- · Céu da boca “fundo” e “estreito”;
- · Lábios constantemente abertos e secos;
- · Língua flácida e em posição anteriorizada (entre os dentes inferiores e superiores);
- · Flacidez nos músculos da mastigação;
- · Tensão no músculo do queixo;
- · Entre outras.
As alterações são muitas e, algumas delas prejudiciais, fazendo com que hajam modificações na musculatura e nas funções estomatognáticas.
Então, o trabalho do Terapeuta da Fala, numa primeira fase, cinge-se à consciencialização da família/cuidadores e do próprio Utente, ressalvando a importância de uma correta respiração. De seguida, deverá ser realizada uma intervenção muscular, para a correção da tonicidade, postura e movimento de todos os músculos que interferem nas funções estomatognáticas e, por fim, deverá intervir diretamente nestas funções, ou seja, nas que se encontrarem alteradas.
Podemos concluir então que a respiração oral é um hábito nocivo para diversos aspetos do nosso corpo e do seu funcionamento. Infelizmente, em Portugal, ainda não é observada muita procura dos serviços de Terapia da Fala para o auxílio nesta perturbação que, é tomada como “insignificante”. Cabe-me a mim, Terapeuta da Fala, divulgar o nosso trabalho, pois somos profissionais capazes de fazer com que os “respiradores orais” ultrapassem as suas dificuldades, juntamente com uma equipa multidisciplinar.
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