É então uma perturbação da comunicação que pode influenciar todas as experiências de vida de um indivíduo, como por exemplo, na sua personalidade, no seu dia-a-dia, nos seus projetos, nos seus sonhos, na sua vida afectiva, etc.
Na minha opinião, é fulcral salientar que entre os 2 e os 4 anos as crianças passam por uma grande fase de desenvolvimento, a diversos níveis, sendo que nesta fase muitas das crianças apresentam algumas disfluências (quebras) no seu discurso.
Estas disfluências não são consideradas como uma gaguez verdadeira (permanente). Demonstram-se através de algumas repetições de palavras ou sílabas, enquanto que a criança organiza mentalmente o que tenciona expressar. O que pode diferenciar estas da gaguez é o facto de que, nestas normais disfluências, a criança não manifesta angustia nem existe a presença de movimentos associados, é uma situação transitória, de curta duração (até 6 meses) e integrante do processo de desenvolvimento.
De seguida, passo a mencionar comportamentos que devemos adotar perante uma criança com gaguez e, os comportamentos a evitar.
Comportamentos a adoptar:
- Fale com a criança e escute-a, não dando atenção à gaguez;
- Dê-lhe tempo para falar;
- Mostre interesse no que a criança diz, ignorando o modo como o faz;
- Mantenha-se calmo e escute-a até ao fim, sem interrupções;
- Proporcione-lhe um ambiente favorável a comunicação (calmo, saudável);
- Olhe para a criança enquanto fala com ela e enquanto ela fala consigo;
- Se ela estiver a falar muito depressa, mostre que tem tempo para a ouvir;
- Fale mais devagar e faça pausas, encorajando-a a fazer o mesmo;
- Tente perceber quais as situações que a criança gagueja menos, para posteriormente aumentar o número dessas situações;
- Tente desenvolver a sua auto-estima;
- Evite submete-la a pressões excessivas;
- Quando efectuar uma tarefa diferente do habitual, fala e explique a situação, para diminuir a euforia e excitação e, consequentemente, a gaguez.
- Não lhe diga para parar de gaguejar;
- Não mande a criança respirar fundo antes de falar;
- Não peça para ter calma e falar devagar, deixe que a conversa "se desenrole";
- Evite pedir para repetir o que foi dito;
- Não lhe diga "fala a cantar";
- Não peça para ela pensar no que vai dizer antes de falar;
- Não vire as costas à criança quando esta está a falar;
- Não a interrompa;
- Não a castigue por gaguejar, nem ofereça recompensas se não gaguejar;
- Não se mostre impaciente, zangado ou preocupado;
- Não tente adivinhar as palavras que irá expressar.
Não se esqueça:
- É normal que em certas ocasiões a criança gagueje mais, todos nós gaguejamos em certas ocasiões, não fique preocupado, afinal nenhum de nós é 100 % fluente;
- Não precisa de dizer à criança que gagueja, mas também não necessita de evitar esta palavra;
- Os pais/cuidadores de todos os interlocutores deverão adotar posturas e comportamentos perante a gaguez apresentada pelas crianças, quando diz respeito a uma situação com mais de 6 meses, deverá procurar um Terapeuta da Fala que o avalie e o oriente.