O principal objetivo deste Blogue é dar a conhecer as diversas áreas de intervenção de um Terapeuta da Fala e qual o seu trabalho nas mesmas.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A Terapia da Fala nos AVC's

Sabe o que é um AVC?

É um Acidente Vascular Cerebral, caraterizado pela perda da função neurológica, sendo causado por um entupimento (AVC isquémico) ou por rompimento (AVC hemorrágico) de vasos sanguíneos cerebrais.

 Os principais sintomas de um AVC são:

·  Cefaleia intensa e súbita sem causa aparente;
·  Dormência nos braços e nas pernas;
·  Dificuldade em falar (em articular e expressar palavras ou em compreender a linguagem);
·  Diminuição ou perda súbita da força na face, braço ou perna do lado esquerdo ou direito do corpo;
·  Alteração súbita da sensibilidade, com sensação de formigueiro na face, braço ou perna de um lado do corpo;
·  Perda súbita de visão num olho ou nos dois;
·  Instabilidade, vertigem súbita e intensa e desequilíbrio associado a náuseas ou vómitos.


Como identificá-los?

Inicialmente peça para a pessoa sorrir, se mexer a face apenas para um dos lados, pode estar a ter um AVC.
Peça para que levante os braços, caso haja dificuldade, contacte imediatamente apoio médico.
Caso a pessoa não compreenda o que lhe é pedido pode estar perante uma dificuldade na compreensão da linguagem.

Sabe o que é a afasia?

A afasia é uma deteriorização da função da linguagem, após ter sido adquirida normalmente. A principal causa para esta patologia é o AVC.

Qual o objetivo da Terapia da Fala nos AVC's?

O objetivo da Terapia da Fala na intervenção com pessoas com afasia é melhorar as competências de comunicação destas, de forma a que haja a maior evolução possível para que estes indivíduos sejam capazes de comunicar.
Por vezes, esta intervenção é complicada, não conseguindo fazer com que estas comuniquem através da fala, necessitando de meios aumentativos/alternativos para comunicar (exemplos: olhar, gestos, tabelas de comunicação, escrita, desenho, imagens, etc).
A intervenção conjunta de vários profissionais é fundamental, pois, as dificuldades apresentadas por estes indivíduos não são apenas a nível da linguagem.




O objetivo primordial da Terapia da Fala não é recuperar a fala das pessoas com afasia, mas sim permitir que esta comunique de forma mais funcional possível.

Não se esqueça…! Se uma pessoa com sintomas de AVC for rapidamente assistida por um médico existem tratamentos para ultrapassá-lo.

 Não PARE, não desista. Comunique com criatividade. Supere com otimismo o que está à sua frente, as etapas precisam ser vencidas”
Adriana Pereira

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A Terapia da Fala e o Desporto

O trabalho do Terapeuta da Fala com monitores de desporto/atletas
Como já referi anteriormente, o Terapeuta da Fala é o profissional responsável pela prevenção, avaliação, diagnóstico, tratamento e estudo científico da comunicação humana e perturbações relacionadas, ao nível da fala e linguagem assim como alterações relacionadas com as funções auditiva, visual, cognitiva, oromuscular, respiração, deglutição e voz.

Com monitores de desporto a Terapia da Fala tem dois focos principais de atuação:
· Voz;
· Motricidade Orofacial.

A voz deve ser relacionada com a saúde geral do indivíduo, pois todo o corpo participa na sua produção. Daí a importância da necessidade de consciencialização no que diz respeito à saúde vocal.

Tanto os monitores desportivos como os praticantes utilizam a voz para a comunicação. São propícios a desenvolver patologias vocais, devido à necessidade de falar alto. Daí ser importante que a voz seja trabalhada, sendo possível usá-la sem causar danos, evitando abusos e maus usos vocais.

Então, cabe ao Terapeuta da Fala ensinar técnicas de projeção vocal com um esforço mínimo e máximo rendimento, trabalhar a coordenação respiratória com a fala e desenvolver um plano de aquecimento e arrefecimento vocal.

Sendo que os monitores desportivos estão inseridos no grupo de risco a desenvolver perturbações vocais, esta deveria ser cuidada para um melhor uso deste utensílio de trabalho.

O trabalho da motricidade orofacial pode se adequar a alguns casos, exercendo a mioterapia estética da face.

A mioterapia estética da face é uma área de atuação do Terapia da Fala, que visa promover o equilíbrio, simetria e proporção dos músculos faciais, através de manipulação directa. É adequada a monitores de desporto/atletas, pois estes dão mais ênfase aos músculos corporais do que aos faciais, não tendo em conta que todos eles são importantes. Ou seja, ao desenvolver os músculos corporais, por vezes, os músculos faciais são esquecidos, podendo a idade corporal não responder à da cara.

Sendo assim, é possível considerar que é de extrema importância a intervenção do Terapeuta da Fala com monitores desportivos, devido à grande importância da voz no seu trabalho, bem como da aparência.

Marco Aveiro

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Gaguez - Orientações aos Interlocutores

A gaguez é conhecida como uma perturbação da fluência da fala, caraterizando-se frequentemente por: hesitações, prolongamentos e/ou bloqueios na produção de fala.
É então uma perturbação da comunicação que pode influenciar todas as experiências de vida de um indivíduo, como por exemplo, na sua personalidade, no seu dia-a-dia, nos seus projetos, nos seus sonhos, na sua vida afectiva, etc.

Na minha opinião, é fulcral salientar que entre os 2 e os 4 anos as crianças passam por uma grande fase de desenvolvimento, a diversos níveis, sendo que nesta fase muitas das crianças apresentam algumas disfluências (quebras) no seu discurso.
Estas disfluências não são consideradas como uma gaguez verdadeira (permanente). Demonstram-se através de algumas repetições de palavras ou sílabas, enquanto que a criança organiza mentalmente o que tenciona expressar. O que pode diferenciar estas da gaguez é o facto de que, nestas normais disfluências, a criança não manifesta angustia nem existe a presença de movimentos associados, é uma situação transitória, de curta duração (até 6 meses) e integrante do processo de desenvolvimento.

De seguida, passo a mencionar comportamentos que devemos adotar perante uma criança com gaguez e, os comportamentos a evitar.

Comportamentos a adoptar:

  • Fale com a criança e escute-a, não dando atenção à gaguez;
  • Dê-lhe tempo para falar;
  • Mostre interesse no que a criança diz, ignorando o modo como o faz;
  • Mantenha-se calmo e escute-a até ao fim, sem interrupções;
  • Proporcione-lhe um ambiente favorável a comunicação (calmo, saudável);
  • Olhe para a criança enquanto fala com ela e enquanto ela fala consigo;
  • Se ela estiver a falar muito depressa, mostre que tem tempo para a ouvir;
  • Fale mais devagar e faça pausas, encorajando-a a fazer o mesmo;
  • Tente perceber quais as situações que a criança gagueja menos, para posteriormente aumentar o número dessas situações;
  • Tente desenvolver a sua auto-estima;
  • Evite submete-la a pressões excessivas;
  • Quando efectuar uma tarefa diferente do habitual, fala e explique a situação, para diminuir a euforia e excitação e, consequentemente, a gaguez.
Comportamentos a evitar:
  • Não lhe diga para parar de gaguejar;
  • Não mande a criança respirar fundo antes de falar;
  • Não peça para ter calma e falar devagar, deixe que a conversa "se desenrole";
  • Evite pedir para repetir o que foi dito;
  • Não lhe diga "fala a cantar";
  • Não peça para ela pensar no que vai dizer antes de falar;
  • Não vire as costas à criança quando esta está a falar;
  • Não a interrompa;
  • Não a castigue por gaguejar, nem ofereça recompensas se não gaguejar;
  • Não se mostre impaciente, zangado ou preocupado;
  • Não tente adivinhar as palavras que irá expressar.
Não se esqueça:
  • É normal que em certas ocasiões a criança gagueje mais, todos nós gaguejamos em certas ocasiões, não fique preocupado, afinal nenhum de nós é 100 % fluente;
  • Não precisa de dizer à criança que gagueja, mas também não necessita de evitar esta palavra;
  • Os pais/cuidadores de todos os interlocutores deverão adotar posturas e comportamentos perante a gaguez apresentada pelas crianças, quando diz respeito a uma situação com mais de 6 meses, deverá procurar um Terapeuta da Fala que o avalie e o oriente.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

O trabalho do Terapeuta da Fala no teatro



O Terapeuta da Fala deverá trabalhar junto dos Atores/grupos de teatro, contudo, no nosso país isto ainda não é uma realidade. Geralmente os Atores de teatro realizam exercícios vocais sem conhecer a fisiologia da laringe e sem ter perceção de como estes influenciam a laringe, sendo que, até podem se tornar prejudiciais.
Na laringe estão situadas as cordas vocais, umas das responsáveis pela produção de voz, devido à sua vibração. Estas estão passíveis a lesões devido aos maus usos e abusos vocais. Daí, ser muito importante o aquecimento e o arrefecimento de toda a musculatura envolvida na produção vocal.

O Terapeuta da Fala pode complementar o trabalho dos Atores, orientando sobre a anatomia e fisiologia do aparelho fonador (que dá origem à voz) e sobre técnicas adequadas.

Existem variadas etapas do trabalho de um Terapeuta da Fala dentro de um grupo de teatro, todavia, a solicitação deste tipo de trabalho é muito diminuta, uma vez que o nosso trabalho é uma incógnita junto da nossa sociedade.

A intervenção deste profissional com os Atores pode ir desde a escolha do figurino (tendo em conta que roupas muito apertadas prejudicarão a respiração e, consequentemente a produção vocal, ou mesmo que um chapéu poderá impedir um feedback auditivo) até a projecção vocal e comunicação não verbal. Ou seja, o Terapeuta da Fala deverá realizar diversos exercícios de relaxamento, de respiração, de articulação e, principalmente de voz e de comunicação não verbal.

Quanto à voz, de seguida ao Ator conhecer a anatomia e a fisiologia vocal, deverão ser transmitidos exercícios de aquecimento (para realizar antes do ato) e de arrefecimento vocal (para depois), de projecção vocal, bem como, adequar a voz do Ator ao contexto desejado, sempre com o intuito de prevenir que apareçam alterações vocais, pois a voz é um “instrumento” fundamental na actuação deste profissional. Temos de ter em conta ainda toda a comunicação não verbal, ou seja, as expressões faciais e a postura corporal, pois estas devem ser trabalhadas, para que a personagem seja totalmente alcançada.

Em suma, o trabalho do Terapeuta da Fala é fazer com que os Atores falem com a voz e com todo o corpo, sem que possam vir a aparecer problemas nos seus “instrumentos” de trabalho mais importantes.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

A Terapia da Fala e a Voz

A voz é um som audível resultante da interacção conjunta entre a pressão e velocidade do fluxo de ar da expiração, os diferentes padrões respiratórios de abertura e o fecho das cordas vocais e as propriedades de configuração do tracto vocal.         
                                                    Isabel Guimarães (2007)

Disfonia, sabe-se que é uma alteração na produção da voz. Nestas situações, a voz não é harmónica, é obtida com esforço e com dificuldades nas variações de pitch (grave – agudo) e de loudness (forte – fraco), sendo normalmente nomeada como rouquidão.
Relativamente à ausência de voz, designa-se por afonia.

Como se processa a voz?
A voz é produzida pelo sistema fonador. A fonação é o nome que designa a produção de voz e, acontece basicamente em quatro partes:
1.      O ar entra para os pulmões com ajuda de alguns músculos, sendo o diafragma um dos mais importantes,
2.      Na expiração o ar passa pelas cordas vocais, fazendo-as vibrar, produzindo então um som,
3.      O som produzido na laringe (pelas cordas vocais) é modelado e transformado pelos órgãos articuladores (boca, lábios, língua, palato mole, palato duro e mandíbula), originando os sons da fala,
4.      O som depois de produzido é amplificado pelos ressoados (faringe, boca e nariz).

Porque ficamos disfónicos (roucos)?
Algumas vezes ficamos roucos, sem sabermos exactamente o porquê.
As causas podem ser funcionais (quando não apresenta alterações nas cordas vocais, ou seja, a rouquidão dá-se devido ao uso incorrecto da voz) ou orgânicas (quando nos deparamos com alterações anatómicas na laringe).
Exemplos de alterações anatómicas nas cordas vocais são: nódulos; quistos; edema de Reinke; papilomas; paralisias das cordas vocais; etc. E de outras alterações na laringe: refluxo faríngolaringeo; gripes; laringites; entre outras.

O que deve fazer quando está rouco?
Deverá verificar qual o tempo que a rouquidão apresenta, qual a sua duração e se apresenta alguns períodos de afonia.
O mais indicado é procurar um profissional especialista neste tipo de problemas, ou seja, o Otorrinolaringologista ou o Terapeuta da Fala. O Otorrino irá analisar a sua voz de um ponto de vista orgânico, irá realizar exames à laringe para observar as cordas vocais. O Terapeuta da Fala, irá avaliar a funcionalidade da sua voz, irá analisar acusticamente/perceptivamente as suas cordas vocais.

Qual o trabalho do Terapeuta da Fala com a voz?
O Terapeuta da Fala não só deverá prevenir as perturbações da voz, como também deverá melhorar a qualidade desta. Intervindo no aperfeiçoamento e promoção da saúde vocal, tendo em conta os hábitos vantajosos e desvantajosos, na coordenação da respiração com a emissão vocal e, na reabilitação vocal, demonstrando exercícios para uma melhor produção vocal.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

A Terapia da Fala e a Estética



Como surgiu a Estética na Terapia da Fala?
Como anteriormente referi no blog, o Terapeuta da Fala intervém com a comunicação humana, ao nível da fala e linguagem (oral e escrita) assim como nas alterações relacionadas com as funções auditiva, visual, cognitiva, oro-muscular, respiração, deglutição e voz.
A Estética surgiu como área de intervenção na Terapia da Fala devido aos resultados obtidos na intervenção na motricidade orofacial, onde foram observados resultados relativos à melhoria da simetria, morfologia, fisiologia, tónus muscular e consequentemente da pele, pois liga-se aos músculos faciais, originando assim a Mioterapia Estética da Face.

Os objetivos da Mioterapia Estética são?
  • Harmonizar o estético e o funcional;
  • Adequar a postura, a respiração, a mastigação, a deglutição e a fala;
  • Equilibrar as forças musculares da face e pescoço;
  • Minimizar ou eliminar as mímicas faciais exacerbadas ou inadequadas; 
  • Proporcionar a aquisição de hábitos saudáveis orofaciais e cervicais.
Como consequência desta intervenção:

É promovido o fortalecimento das estruturas musculares da face e elimina/atenua rugas e marcas de expressão.


A quem se destina?
  • A indivíduos que evitam procedimentos invasivos por dor, alergia ou problemas de coagulação;
  • Pré e pós cirurgia bariática (redução do estômago);
  • Pré e pós cirurgia de face;
  • Atletas;
  • Indivíduos que procuram qualidade de vida e mudança de hábitos.
Contraindicações:
  • Peles com acne;
  • Indivíduos sujeitos a tratamento com isotretinoína;
  • Durante os primeiros 6 meses após cirurgia da face;
  • Indivíduos sujeitos a Bioplastias;
  • No local onde há o efeito da toxina botulínica.
 
"Atuar em Terapia Estética da face é compreender o belo no seu mais amplo significado e assim acreditar, transformar, adequar e proporcionar a aceitação do ser e estar,  do equilíbrio da beleza interna e externa, da alegria de viver... se descobrir... e se amar intensamente."

Patrícia Faro