O principal objetivo deste Blogue é dar a conhecer as diversas áreas de intervenção de um Terapeuta da Fala e qual o seu trabalho nas mesmas.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Dia Mundial da Motricidade Orofacial

Hoje celebra-se o 1º Dia Mundial da Motricidade Orofacial. 

Este dia foi criado com o objetivo de consciencializar a população em geral sobre os cuidados a ter para evitar alterações nas funções orofaciais. Sendo assim, deixo-vos, de seguida, com algumas das perguntas mais frequentes relativas a esta área de intervenção do Terapeuta da Fala e as respetivas respostas.



O que é a Motricidade Orofacial (MO)?

A MO é uma área responsável pela prevenção, avaliação, diagnóstico e estudo da musculatura dos lábios, língua, bochechas e face, bem como das funções que se relacionam com estas, designadas por funções estomatognáticas (respiração, sucção, mastigação, deglutição e fala). Esta privilegia  então, não só a reabilitação destas funções (quando há o seu comprometimento), mas também a sua melhoria (estética facial) e, até mesmo, a prevenção (de forma a que os problemas não surjam).

É uma área vasta de atuação, pelo que deveremos ter em conta a importância do trabalho de equipa, recorrendo não só ao Terapeuta da Fala, mas também a Dentistas, Neurologistas, Otorrinolaringologistas, Fisioterapeutas, Terapeutas Ocupacionais, Nutricionistas, Enfermeiros, Psicólogos, entre outros.

Mas qual a ligação entre a Terapia da Fala e a Alimentação (mastigação/deglutição)?

Inicialmente, através da sucção e, posteriormente, da mastigação, toda a musculatura orofacial é exercitada, promovendo todo o crescimento e harmonia estrutural, quando não se observam alterações na sua funcionalidade. Verificamos, desta forma, que os músculos responsáveis pela alimentação, serão responsáveis, mais tarde, pelo ato motor da expressão da linguagem - a fala. Ou seja, se houverem alterações musculares relacionadas com a alimentação poderão ocorrer, mais tarde, alterações de fala. Assim, podemos verificar a ligação entre a alimentação e a fala, bem como a importância da intervenção do Terapeuta da Fala nas mesmas.

Atualmente, ouve-se falar na Terapia da Fala relacionada com a Estética, qual esta ligação?

Inevitavelmente, as expressões faciais causam rugas, estando estas diretamente relacionadas com a musculatura orofacial. Desta forma, o Terapeuta da Fala poderá aprimorar as funções estomatognáticas, anteriormente referidas e, manipular a musculatura facial, abarcando desta forma uma melhoria a nível estético (suavização das rugas de expressão).

Então, quais os principais problemas referentes à MO na qual deveremos procurar a ajuda de um Terapeuta da Fala?

- Dificuldades de alimentação (sucção, mastigação, deglutição, recusa de certas texturas/temperaturas/consistências de alimentos), desde o recém-nascido ao idoso;
- Maus hábitos orais ("chuchar no dedo", "roer as unhas", "língua entre os dentes");
- Respiração oral;
- Avaliação e, caso necessário, reabilitação das funções orofaciais em caso de tratamentos ortodônticos, de forma a que não haja recidivas após retirar o aparelho;
- Disfunções a nível da Articulação Temporomandibular;
- Paralisias faciais;
- Fendas palatinas;
- Estética Facial (Assimetria facial, rugas de expressão);
- Roncopatia (ressono);
- Apneia Obstrutiva do Sono;
- Queimaduras a nível do pescoço e da face;
- Traumas faciais (causados por acidentes de trânsito, de trabalho, quedas, agressões e etc.).



Este ano, o tema selecionado para este dia foi "Respirar: já parou para pensar?", de forma a que surja uma reflexão acerca da importância da respiração nasal.

Podemos então refletir sobre a importância da respiração nasal, pois para além de esta aquecer, humidificar e filtrar o ar que respiramos, proporciona a correta postura, movimento e função de toda a musculatura. Sabia que a respiração oral, pode trazer várias consequências a nível da estética facial? do sono? da alimentação? da aprendizagem? da postura corporal? na audição? na voz?
Pode ler mais sobre o tema na publicação "", no link que se segue:
http://terapiadafalamadeira.blogspot.com/2012/02/respiracao-oral-e-terapia-da-fala.html


A todos, um feliz dia!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016


               Diariamente nós, Terapeutas da Fala, somos chamados por "Professores", "Enfermeiros", "Médicos", e etc. Partindo desta ideia, surgiu a imagem seguinte:






quinta-feira, 31 de julho de 2014

As Bandas Neuromusculares em Terapia da Fala


Atualmente, é muito comum depararmo-nos com pessoas na rua e, principalmente, em ambiente desportivo, com “adesivos” de várias cores nas costas, nos braços, nas pernas, nos ombros, nos pés. Já no pescoço e na cara não é tão vulgar.

Estes ditos “adesivos” são bandas com propriedades idênticas às da pele humana, desenvolvidas pelo Dr. Kenzo Kase, na década de 70, de forma a assistir o movimento de todo o ser vivo e, consequentemente, auxiliando na recuperação e manutenção da saúde. Ou seja, de forma seletiva, sustentam o movimento de um determinado músculo ou de grupos musculares, através de estímulos enviados aos recetores da pele.

Contudo, tal como outros métodos, este também possui algumas contraindicações e, em certos casos, são requeridas algumas precauções. Devido ao facto das bandas não serem estéreis, a sua aplicação deve ser evitada em feridas abertas. O seu uso também não está indicado em casos do foro oncológico e em problemas dérmicos. Uma vez que a sua ativação aumenta com o calor (propriedade termoactiva) deve ser evitada a exposição ao sol ou a temperaturas elevadas. Outras precauções constituem a aplicação sobre locais onde possam existir trombos sanguíneos e em pontos específicos em diabéticos e na gravidez.

A Terapia da Fala, ao contrário do que se pensa habitualmente, não é uma valência que apenas trata problemas de fala, mas engloba ainda a prevenção, a avaliação e a intervenção em toda a comunicação humana e nas suas perturbações (voz, fala, linguagem oral e escrita, comunicação não verbal) bem como nas alterações referentes às funções estomatognáticas (respiração, fala, mastigação, deglutição e sucção).

A partir disto, podemos observar que o Terapeuta da Fala trabalha com músculos (faciais e cervicais) e articulações (articulação temporo-mandibular), podendo recorrer, de forma a otimizar e a acelerar a sua intervenção, às Bandas Neuromusculares, conhecidas também como “Kinesio Tape”. Todavia, é de salientar que estas, só por si, não irão resolver o problema, persistindo a necessidade da intervenção do Terapeuta, que deverá englobar diversas técnicas para que o resultado seja o delineado.

Este profissional, com habilitação para a utilização deste método, poderá ser auxiliado em casos referentes: à Articulação Temporo-Mandibular (ATM), indivíduos com dor facial, estalido ou ressalto ao abrir a boca; em paralisias ou diminuição do movimento dos músculos da face e do pescoço; ao mau posicionamento de língua; à produção exagerada de saliva ou ao controlo de saliva na boca; à respiração (respiração oral, sinusite); à hipo ou à hiperfuncionalidade dos músculos; à voz, como tensão, rouquidão ou até em casos de paralisias das pregas vocais; à disfagia (engasgos frequentes e dificuldade em engolir); entre outros distúrbios referentes às funções já mencionadas.
    
Ou seja, resumidamente, o Terapeuta da Fala, recorrendo a este método, procura melhorar o movimento dos músculos faciais e cervicais, adequar a sua tonicidade e, até mesmo, interiorizar posturas mais adequadas.

Desta forma, não estranhe se se deparar com alguém com estas “fitas” na cara, pois já sabe quais poderão ser os seus objetivos. Alerto apenas para a importância de verificação se estas estão a ser aplicadas por um profissional com formação no assunto, isto devido à especificidade do método e devido à complexidade da musculatura facial e cervical.
                  

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A Terapia da Fala e a Estética Facial, uma forma natural de eliminar rugas



Como é vulgarmente sabido, envelhecer faz parte de todos os seres vivos, porém, com o passar do tempo, cada vez mais se observa a invenção de novas formas para suavizar as marcas que o tempo deixa. Uma destas invenções diz respeito à Mioterapia Estética da Face, uma área de intervenção da Terapia da Fala, ainda pouco divulgada em Portugal, havendo com esta a possibilidade de rejuvenescer a face de forma natural e não invasiva.

Existem músculos responsáveis pelas expressões faciais que, com o passar dos anos, relaxam, originando flacidez ou, pelo contrário, contraem-se excessivamente, formando as ditas rugas de expressão.  

Este tipo de intervenção tem vindo a ganhar grande importância tanto na prevenção como na eliminação de rugas e outras marcas, devido à excessiva e constante expressão ou à flacidez muscular.

Esta terapia consiste na eliminação das expressões faciais exageradas e de alguns "tiques", na adequação das funções estomatognáticas (fala, sucção, mastigação, deglutição e respiração), na manipulação muscular direta, bem como em exercícios orais, faciais e cervicais. Baseia-se então na instrução do paciente para exercitar, alongar, tonificar e relaxar a musculatura facial e cervical, dependendo do caso e de cada necessidade. Isto é, no caso da flacidez promove-se o fortalecimento das estruturas musculares da face e pescoço, já relativamente às expressões faciais exacerbadas, executa-se um relaxamento das áreas envolvidas, atenuando ou eliminando assim as rugas.




Como surgiu a Estética na Terapia da Fala?

O Terapeuta da Fala não intervém apenas com a comunicação humana, ao nível da linguagem (oral e escrita), mas atua também nas funções estomatognáticas, ou seja, na fala, na mastigação, na deglutição, na respiração e na sucção.

Sendo assim, a Estética surgiu como área de intervenção na Terapia da Fala devido aos resultados obtidos na intervenção na motricidade orofacial, onde foram observados resultados relativos à melhoria da simetria, morfologia, fisiologia, tónus muscular e, consequentemente, da pele, pois esta liga-se aos músculos faciais, originando assim a Mioterapia Estética da Face.

Com base na motricidade orofacial, os objetivos desta intervenção são:
·         Harmonizar o estético e o funcional;
·         Adequar a postura, a respiração, a mastigação, a deglutição e a fala;
·         Equilibrar as forças musculares da face e do pescoço;
·         Minimizar ou eliminar as mímicas faciais exacerbadas e/ou inadequadas;
·         Proporcionar a aquisição de hábitos saudáveis orofaciais e cervicais.
Devemos ter em conta que esta intervenção é personalizada, adequando a atuação a cada utente e a cada necessidade deste, destinando-se a indivíduos que evitam procedimentos evasivos, a atletas, a pessoas que procuram qualidade de vida e mudança de hábitos e, até mesmo a pacientes submetidos a cirurgias bariáticas e a cirurgias da face (tanto no pré como no pós-operatório).


Em suma, a Mioterapia Estética da Face consiste em transmitir conhecimentos ao paciente, em várias etapas, de forma especifica a cada caso, acrescentando a importância dos exercícios musculares, com o intuito de eliminar ou amenizar as rugas de expressão, a flacidez, a “papada”, entre outros, ou até mesmo, preveni-las. 

segunda-feira, 13 de maio de 2013

VI Congresso Nacional da APTF



Após participar no VI Congresso Nacional da Associação Portuguesa de Terapeutas da Fala, dou por mim a pensar no quão bela é a nossa profissão, “Terapeuta da Fala”, muitos foram os conhecimentos adquiridos e partilhados, todavia, a reflexão salientou-se.

Terapeuta da Fala, como tento sempre explicar a toda a gente, não é apenas um profissional que ajuda as pessoas com problemas de fala e/ou linguagem, é muito mais do que isso.

O Terapeuta da Fala para além destas áreas de intervenção tem muitas outras, como a voz, a motricidade orofacial, a comunicação, a deglutição, a leitura e a escrita. Certo é que Terapia da Fala não é o nome mais adequado para o nosso trabalho, contudo torna-se muito difícil encontrar um nome que englobe todo o trabalho e todas as áreas de saber deste profissional.

Esta torna-se cada vez mais, na minha opinião, uma profissão prazerosa, misteriosa, desafiante, gratificante, na qual o gosto em ir trabalhar e fazer com que as pessoas tenham novas oportunidades na vida não desaparece. Ajudamos uns a se expressar, outros a descodificar, uns a se alimentar, outros a respirar e, por vezes, apenas em questões estéticas e, é tão gratificante quando observamos os resultados desejados e, mais gratificante ainda, quando a evolução é reconhecida por todos. 

Agora perguntam vocês, mas o que tem essa profissão de tão bonito?

Já imaginaram o sufoco de não conseguir se expressar? De não compreender o que lhe dizem? De não conseguir se alimentar diante quem mais gosta? De apresentar alterações funcionais a nível facial e oral? Nós não só ajudamos a resolver esses problemas como também os prevenimos e, com certeza ajudamos o utente a ser feliz.

É este o meu gosto pela Terapia da Fala (que bem podia ser Terapia da Comunicação, Terapia da Alimentação, Terapia da Audição, Terapia Miofuncional Oral, Terapia da Linguagem Oral e Escrita, Terapia Vocal, etc etc etc), o prazer que dá-me ao exercer a minha profissão pois, mesmo com a necessidade contínua de formação, mesmo com o tempo gasto a preparar consultas, avaliações, relatórios, atividades e todas as outras tarefas que nos “roubam” algum tempo, o que interessa mesmo é que somos capazes de ajudar alguém a expressar o que sente, o que quer, as suas opiniões, a compreender o que lhe foi dito, a ultrapassar problemas académicos, a melhor toda a sua comunicação, a usufruiu de alimentação por via oral sem qualquer prejuízo e em muitos muitos outros aspetos. E quando esses objetivos são alcançados, todo o esforço, toda a dedicação, todo o percurso académico e profissional, tudo ganha valor, tudo vale a pena.

Espero então que, um dia mais tarde, a Terapia da Fala não seja encarada apenas como uma área da saúde ou da educação que ajuda na linguagem e na fala, mas sim como uma arte capaz de corrigir a funcionalidade da zona oral, facial e cervical, bem como adequar toda a comunicação.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A Terapia da Fala e a doença de Parkinson


     

     A doença de Parkinson é uma doença progressiva do movimento, originada por uma disfunção neurológica, ou seja, os neurónios secretores de dopamina degeneram-se, sendo que desta forma, os movimentos conscientes do corpo ficam alterados, não havendo controlo na movimentação muscular. Isto é, é uma doença degenerativa que, por norma, desenvolve-se após os 50 anos.



     As principais alterações motoras que ocorrem com esta enfermidade são: tremor; rigidez muscular; lentidão dos movimentos; instabilidade postural, originando complicações a nível da comunicação e da alimentação, sendo assim possível a intervenção do Terapeuta da Fala, com efeitos muito benéficos. 

     Desta forma, o Terapeuta da Fala poderá interceder de maneira a reabilitar/readaptar aspetos ligados à voz, à articulação verbal, à motricidade orofacial e à deglutição.
  • Voz: devido à rigidez muscular, as cordas vocais não contactam correctamente entre si, nem os músculos envolvidos na fonação (produção de voz) são controlados corretamente, surgindo uma voz rouca, soprosa, monótona e, frequentemente, grave e com intensidade reduzida (baixa).
  • Articulação Verbal: nota-se imprecisão articulatória, pois os movimentos não são controlados, não produzindo os sons da fala de forma adequada.
  • Motricidade Orofacial: como em todo o corpo, a nível oral e facial também observa-se tremor, rigidez e descontrolo da musculatura, surgindo muitas dificuldades nas funções estomatognáticas (fala, mastigação, respiração, deglutição e sucção).
  •  Deglutição: devido à dificuldade de mastigação, ao escape de saliva (anterior ou posterior) e ao descontrolo muscular, são constantes os engasgos, observando tosse, pigarreio e “voz molhada”.
      
      A meu ver, as alterações da comunicação podem ser preocupantes, todavia, deverá ser dada grande atenção aos problemas de deglutição, visto que a descoordenação muscular poderá “desviar” a comida/bebida para os pulmões, provocando uma pneumonia por aspiração, sendo esta preocupante e, até mesmo, causa de morte.

       Posto isto, deverá ter em atenção aos seguintes semblantes na alimentação do portador de Parkinson:
  • Se ocorrem dificuldades na mastigação;
  • Se costuma haver escape de saliva (babar-se);
  • Se há acumulação de alimentos na boca após a alimentação;
  • Se é costume pigarrear, tossir e engasgar-se durante a ingestão de alimentos/bebidas.
      Infelizmente, observa-se que estes casos apenas começam a ter acompanhamento da Terapia da Fala em fases tardias, já com grandes comprometimentos no que diz respeito à comunicação e à alimentação. Dado isto, aproveito para salientar a importância da intervenção o mais precocemente possível, podendo prevenir muitas das dificuldades esperadas.

     Em suma, o Terapeuta da Fala deverá realizar uma avaliação (adequada a cada utente) e intervir de forma a melhorar a motricidade orofacial e cervical, a coordenação das estruturas envolvidas na articulação, fonação, respiração e deglutição, bem como orientar todos os familiares e cuidadores.